Évora: Origem e Evolução de uma Cidade Medieval

Conheça um pouco melhor Évora até à Idade Média num artigo de Maria Domingas V. M. Simplício

  1. A Cidade Romana

Embora a clarificação quanto às origens da cidade de Évora tenha merecido o interesse de diversos investigadores, não foi ainda possível obter uma opinião consensual no que se refere à época e iniciativa da fundação da cidade.

Alguns autores atribuem a fundação desta cidade aos Eburones (antigos povos de Hespanha) por volta de 289 anos depois do dilúvio, ou 2059 antes de Cristo com o nome de Ebura ou Elbura (A. P. LEAL, 1874, p.89); outros autores, como A. GROMICHO (1962/1963, pp.29-30), defendem a teoria de que Évora foi fundada cerca de 700 a.C. quando várias tribos germanas, seguindo os Celtas, chegaram à Península Ibérica. Uma destas tribos –os Eburones – terá ocupado a área hoje correspondente à Andaluzia, Alentejo central e parte da Estremadura e fundado algumas povoações cuja designação revela aquela origem, como é o caso de Évora, Elbura na Andaluzia, Ebura Britium (Óbidos) e Évora (no concelho de Alcobaça). Segundo T. ESPANCA (1987, p.11) as primeiras referências escritas sobre a cidade foram formuladas por Plínio, no século I, ao considerar, nos seus documentos, o aglomerado de Ebora Cerealis (nome que aponta para a fertilidade do seu termo) como um ponto fortificado importante, anterior ao período de domínio romano.

De qualquer modo, não há dúvida de que Évora tem origem muito remota, visto que a área da sua implantação apresentava, já na época neolítica, grande ocupação humana traduzida, nomeadamente, por diversos monumentos de carácter sagrado.

Posteriormente, Évora foi ocupada pelos Romanos tendo sofrido forte romanização numa época de grande importância para a cidade.

Estrategicamente localizada, já que a cidade se situava num ponto alto de separação de três bacias hidrográficas importantes e simultaneamente no cruzamento de várias estradas militares, a sua posição favoreceu o interesse militar e levou a que, durante a ocupação romana, Évora adquirisse uma importância regional assinalável. Esta importância manifesta-se, nomeadamente, na designação honorífica que o Imperador Júlio César atribuiu à cidade, no século I da era Cristã –Liberalitas Julia.

Figura 1 – A cidade romana
Adaptado de: Plano Director de Évora, relat. nº 28 (1978/79)
Câmara Municipal de Évora

Apesar de pouco se conhecer da estrutura urbana da cidade durante o período romano sabe-se que detinha uma posição central relativamente ao actual aglomerado, ocupando a sua parte mais elevada. Era limitada por uma cinta muralhada de cerca de 1080 m de extensão na qual se abriam quatro portas, cuja localização procurando adaptar-se às condições topográficas, à estrutura viária exterior e à organização urbana interior, não permite uma clara definição dos eixos estruturantes das cidades romanas: o cardo (eixo N/S) e o decumano (eixo E/W). Todavia O. RIBEIRO (1986, p.381) acha admissível que a actual Rua 5 de Outubro, saindo em frente à Sé em direcção à Praça do Giraldo, com orientação E/W, corresponda ao decumano da cidade romana.

De qualquer forma sabe-se que as portas estavam orientadas segundo os pontos cardeais e delas partiam duas vias que se cruzavam no centro social da cidade – a Acrópole – compreendendo o Templo Romano e a área da actual Sé (fig. 1).

O conhecimento da estrutura viária, que a partir das quatro portas desta cerca constituía os prolongamentos dos eixos interiores e assegurava a ligação da cidade a outros centros importantes, mostra a influência das antigas vias romanas na estrutura urbana futura. Refira-se que, de antigos caminhos exteriores, aquelas vias se transformaram em ruas principais quando a cidade, no seu crescimento, extravasou a cerca primitiva.

Por outro lado, já naquela época, a actual Praça do Giraldo desempenhava um papel importante na organização urbana do aglomerado.

2. A Cidade Muçulmana

Após a queda do Império Romano, Évora sofreu um longo período de domínio visigótico e árabe durante o qual decaiu bastante a sua importância cultural, apesar de se manter um centro económico e militar importante.

São poucos os testemunhos deixados pelo povo visigodo. Sabe-se, no entanto, que a cidade, então designada como Elbora ou Erbora continuou provavelmente a ser sede de diocese (O. RIBEIRO, 1986, p.383) e manteve a existência de uma casa da moeda onde se cunhava moeda de ouro e prata (T. ESPANCA, 1966, p.IX).

Segundo A. BEIRANTE (1988), o espaço urbano intramuros da cidade muçulmana estaria dividido em duas partes distintas: a alcáçova ou castelo, situada a leste e correspondendo a cerca de 1/8 da área total e a medina, ou cidade propriamente dita, ocupando o espaço restante.

Por seu lado, a área urbana extramuros era constituída pelos arrabaldes diferenciados pelas suas comunidades e localizados ao norte (o arrabalde moçárabe de S. Mamede), a oeste (o arrabalde judeu) e ao sul, junto à Porta de Moura (o arrabalde muçulmano). Estes arrabaldes irão constituir, mais tarde, os núcleos em que assentou o desenvolvimento da cidade cristã.

A influência muçulmana no traçado urbano foi progressivamente sendo mais marcante, sobrepondo-se à organização da cidade romana; exemplo disso é, segundo O. RIBEIRO (1986, p.384) a antiga Rua da Selaria (actual Rua 5 de Outubro) que, mantendo aproximadamente a posição do decumano, passou a apresentar, em lugar de um rigoroso alinhamento, o traçado sinuoso e largura variável característicos da cidade muçulmana.

Embora quase toda a cidade intramuros apresente traçado irregular, na área onde a influência islâmica mais perdurou, a Mouraria, esse carácter é mais evidente, dominando ruas estreitas e de direcção irregular, com bruscos alargamentos ou súbitas mudanças de orientação, desembocando, às vezes, em pátios ou becos sem saída. Mais do que noutros sectores, é na antiga Mouraria que melhor se assinala a concepção muçulmana da cidade. De facto, as ruas estreitas são mais ensombradas, defendendo os habitantes das elevadas temperaturas e, por

outro lado, a sobrevalorização da casa em detrimento da rua leva a que esta seja encarada, sobretudo como o espaço necessário entre as habitações e que se tem que adaptar à evolução destas, mesmo que daí resulte a redução da largura, a brusca alteração do sentido ou o desalinhamento de arruamentos confinantes.

A ocupação árabe terminou em 1165, quando Giraldo Sem Pavor conquistou a cidade e a integrou na coroa de D. Afonso Henriques. Évora iria conhecer um novo período de desenvolvimento e reforçar a sua posição na rede urbana do país.

3. A Cidade Medieval

O primeiro monarca português converteu a cidade num centro estratégico e político importante, concedendo-lhe foral, logo em 1166, e estabelecendo nela a sede da Ordem Militar de São Bento de Calatrava, que, mais tarde, se transformou em Ordem de Avis.

Marcando o início do domínio português, a primeira grande obra edificada foi a Sé, fundada em 1204. Posteriormente a importância da cidade levou a que aqui se fixasse temporariamente a corte nos reinados de D. Afonso III, D. Dinis, D. Afonso IV, D. Pedro I e

D. Fernando, o que obviamente contribuiu para o seu desenvolvimento e enriquecimento.

Esta crescente importância da cidade e o seu poder atractivo, conduziam a movimentos migratórios em relação a Évora, tal como acontecia em grande parte das cidades europeias, e rapidamente o casario é obrigado a extravasar das muralhas. De facto, a malha urbana do interior da Cerca Velha foi, progressivamente, completada, e a limitação do espaço levou à instalação, fora dos muros, de alguns conventos, como S. Francisco e S. Bento de Castris no século XIII, e S. Domingos no século XIV.

Por outro lado vão-se expandindo os arrabaldes que se haviam formado ao longo do período de domínio muçulmano. São, sobretudo, as comunidades moura e judaica que primeiramente se instalaram nestes arrabaldes, fora das muralhas, constituindo nas vastas áreas de jurisdições paroquiais de S. Mamede e Stº Antão, núcleos populacionais muito significativos (fig. 2).

A comunidade moura fixa-se nos quarteirões a norte da Igreja de S. Mamede e alguns traços da antiga Mouraria estão ainda ali patentes, nomeadamente, como foi referido, nas ruas estreitas e com bruscos alargamentos, nos cruzamentos desencontrados, nos becos, nos pátios e pequenos quintais, mas também, nos pequenos e simples estabelecimentos comerciais.

A Judiaria de Évora – a Aljama – era, como refere T. ESPANCA (1966, p.258), uma

das mais importantes e populosas do reino, nos séculos XIV e XV, e ocupava os quarteirões ocidentais, compreendidos entre as actuais ruas de Serpa Pinto e do Raimundo.

Figura 2 – A cidade no Século XIV
Adaptado de: Plano Director de Évora, relat. nº 28 (1978/79)
Câmara Municipal de Évora

Progressivamente, a estrutura urbana vai-se definindo, acentuando-se a importância das principais praças públicas (Pr. do Giraldo e Largo das Portas de Moura) e do eixo de ligação destas entre si e aos Conventos de S. Domingos e S. Francisco. Este eixo é constituído pela Rua da Porta

Nova (actual Rua Elias Garcia), Rua Ancha (actual Rua João de Deus), Rua do Paço (actual Rua da República) e Rua dos Infantes (actual Rua Miguel Bombarda) (fig. 2).

Foi neste período que se construíram as arcadas que ladeiam a Rua João de Deus (antiga Rua Ancha) e a Praça do Giraldo. Também as antigas estradas de ligação ao exterior são, cada vez mais, vias urbanas, desenvolvendo-se em seu redor quarteirões de dimensões e estruturas regulares, com uma tipologia    urbanística    característica, pontualmente quebrada representatividade (C.M.E., 1978/1979, relatório nº 28, p.1.6).

Apesar da relativa regularidade dos quarteirões, o processo da expansão urbana naquela época, não ocorreu, tal como na maioria das cidades medievais, de forma planificada; com efeito, é a partir das portas existentes e integrando na estrutura urbana os antigos caminhos, que se vão, progressivamente, constituindo os novos sectores urbanos.

A cidade de Évora era, assim, constituída por duas partes distintas: a cidadela, contida dentro da muralha romano-goda, onde o centro urbano começou; e a periferia, de expansão livre, formando os arrabaldes até meados do século XIV, quando a construção de uma nova cerca possibilitou a sua integração na cidade.

Com efeito, a extensão dos sectores urbanos situados fora da Cerca Velha fez sentir a necessidade de se construir uma nova cintura de muralhas. Esta foi iniciada cerca de 1350, no reinado de D. Afonso IV prolongando-se a construção por aproximadamente um século. A Cerca Nova descrevia um polígono irregular de cerca de 3500 m de perímetro e abria-se para o exterior por dez portas e um postigo . Envolvia a Cerca Velha excepto numa parte, a leste, onde as duas cercas coincidem, abrindo-se para o exterior pelas portas do Moinho de Vento e da Traição; a Cerca Nova era rodeada por fossos e barbacãs e reforçada por 35 a 40 torres de diferentes secções (redondas e quadrangulares). Com a construção desta cinta de muralhas toda a cidade ficou protegida e claramente delimitada.

Évora apresentava-se, pois, como uma cidade muralhada, de planta rádio-concêntrica, em que o processo de formação contou com antecedentes romanos e islâmicos. A cidade cristã desenvolveu-se a partir do núcleo antigo romano (quintuplicando-lhe a área) que permaneceu como centro geográfico e vital de toda a área urbana. Como pólos secundários de desenvolvimento da expansão urbana apresentam-se, como já se referiu, as Praças do Giraldo e das Portas de Moura e os Conventos de S. Francisco e S. Domingos. Também a Igreja de S. Mamede e o velho aqueduto da Rua do Cano, tiveram, segundo A. BEIRANTE (1988, p.145) um papel importante como pólos de desenvolvimento urbano.

Todo este desenvolvimento contribuiu para que a cidade medieval detivesse na época, grande importância na estrutura urbana nacional. De facto, D. João I classificou-a como a segunda cidade do reino (no fim do século XV, Évora teria cerca de 10000 habitantes) e D. Afonso V escolheu-a para quartel-general das suas campanhas militares.

Os espaços de circulação eram constituídos pelas ruas principais que são, sobretudo, as que irradiam das portas da Cerca Velha (ruas de Avis, Lagoa, Alconchel, Raimundo, Corredoura, Mesquita, Mendo Estevens e Machede) e por um conjunto de ruas de menor importância designadas por travssas, que fazem as ligações das ruas principais. Na definição da importância das ruas, a sua função tinha, na cidade medieval, um papel importante.

Segundo A. BEIRANTE (1988, p.147) “no topo dessa hierarquia estão as ruas direitas de intenso movimento comercial”, e em Évora conheciam-se, nos séculos XIV e XV, pelo menos três ruas direitas: a Rua Ancha, a Rua Direita da Judiaria e a Rua Direita da Mouraria.

Com frequência se verifica que nas cidades medievais os “mesteres” tendem a agrupar- se por ruas, pelo que o nome destas, muitas vezes, tem a ver com a actividade principal que aí se desenvolve, como por ex.: Rua dos Mercadores, Rua da Selaria, Rua das Alcaçarias, Rua das Adegas.

Figura 3 – Ocupação funcional nos séculos XIV e XV: comércio, armazenamento e transformação
Adaptado de: A. BEIRANTE, 1988, p.593

No entanto nem sempre acontecia assim; na figura 3, adaptada de A. BEIRANTE (1988, p.593), apresenta-se a localização de lugares de armazém, transformação e distribuição nos séculos XIV e XV, sendo evidente a disseminação de alguns estabelecimentos, como por exemplo, os lagares.

A figura referida permite verificar a grande concentração de tendas na Praça (do Giraldo) e nos troços da Rua dos Mercadores (actual Rua da República) e da Rua dos Odreiros (actual Rua João de Deus) mais próximos e, ainda, na Rua da Selaria (actual Rua

5 de Outubro). Se esta situação ocorre igualmente nos nossos dias o mesmo não acontece com a área envolvente do Templo Romano, onde a concentração comercial então registada deixou de se verificar.

Na Idade Média existia uma estreita ligação entre a manufactura e a comercialização dos produtos, já que, com frequência, a oficina do artífice era também o local de venda.

Em Évora quase todos os ofícios medievais eram exercidos; de facto, como refere S. CARVALHO (1989, p.59), o Regimento das Procissões de Évora, documento datado do século XV, mostra que apenas alguns mesteres não eram exercidos na cidade, em certos casos por injustificados, como é o caso das tarefas ligadas à construção e manutenção de embarcações.

No que respeita aos arruamentos, algumas referências são testemunho do mau estado dos pavimentos das ruas medievais eborenses, pois, até ao século XV, todas elas eram de terra batida. Foi, possivelmente, por meados do século XV que terão ocorrido os primeiros calcetamentos de ruas em Évora, o que, de resto, não pode considerar-se um procedimento tardio, mesmo a nível nacional. Com algum rigor é conhecida uma decisão régia de 1461 referente ao calcetamento das ruas da Selaria (5 de Outubro) e dos Mercadores (República). Porém o ritmo de calcetamento era lento e, no século XVI apenas as ruas mais importantes deveriam estar pavimentadas (A. BORGES, 1988, pp.101-103).

Os edifícios que se encontram nas ruas das cidades medievais são, em grande parte, só de um piso, e também aqui, Évora não foge à regra. Apenas nos locais mais nobres da cidade, como seja junto à Sé, na Rua da Selaria, no eixo constituído pela Rua Direita (actual Rua João de Deus), Praça do Giraldo e Rua dos Mercadores (actual Rua da República) surgiam, com mais importância, edifícios de dois pisos.

As praças públicas eram poucas e de dimensões reduzidas na cidade medieval, situando-se as principais na Porta de Moura, na Porta de Alconchel e na Porta Nova. No fim do século XIII começou a individualizar-se uma praça, de maiores dimensões, e aberta à circulação, que é a grande praça, actualmente denominada Praça do Giraldo.

Para além das ruas e praças, outros espaços não construídos surgiam, igualmente, como elementos definidores da malha urbana: inúmeras hortas e ferragiais contribuíam significativamente para o abastecimento da cidade, enquanto alguns logradouros valorizavam solares e outras residências nobres.

Saliente-se também a importância que, sobretudo a partir do século XVI, o Rossio foi adquirindo como local de realização de feiras e mercados, funcionando como elemento de interligação entre a cidade e o mundo rural envolvente. Essa interligação era, de resto, facilitada, porque o Rossio de Évora, localizado junto a uma das principais portas da Cerca

Nova, comunicava directamente com a Praça Grande (actual Praça do Giraldo) que, já nessa altura, concentrava as principais funções administrativas e económicas da cidade.

Évora medieval era, como a maioria, uma cidade muito ligada ao campo em volta, com grande percentagem da população dependente da agricultura; no entanto funcionava, também, como local de comércio e artesanato. Tinha feira anual (desde 1275) a qual começou por ter duração de 15 dias realizando-se inicialmente no local onde hoje é a Praça do Giraldo, transitando, mais tarde, para o actual Rossio, e uma feira semanal que se realizava, ao ar livre, todos os domingos e segundas-feiras, segundo A. BEIRANTE (1988, p.626). O abastecimento diário fazia-se nos açougues, mercados permanentes que evidenciam influências da organização urbana islâmica.

A Cidade no Século XVI

Se o prestígio da cidade em termos nacionais era já notório no século XV, o século XVI constitui o culminar desse período de riqueza e importância política, económica, cultural e artística. Este facto deve-se à escolha da cidade de Évora, durante este século, para estadas prolongadas da corte, o que originou a construção do Paço Real (Palácio de D. Manuel), bem como de inúmeros palácios e casas solarengas de residência de nobres, conventos, igrejas, colégios e outros edifícios notáveis.

Figura 4 – A cidade no Século XVI
Adaptado de: Plano Director de Évora, relat. nº 28 (1978/79)
Câmara Municipal de Évora

Refira-se a propósito da localização do Paço Real que a opção pela zona do Convento de S. Francisco, em detrimento do sector urbano mais antigo, onde se concentrava grande parte das residências nobres, levou a um rápido desenvolvimento urbano daquela área, reforçando uma tendência para maior dinamismo que esta parte nova, a sul e poente da cidade, vinha evidenciando. Não será, no entanto, alheia à opção tomada a maior disponibilidade de terreno e o apoio decorrente da proximidade do convento.

É também deste período que data a fundação da Universidade, concretizada com o patrocínio do Cardeal D. Henrique, que a entregou à docência da Companhia de Jesus; as instalações universitárias ocuparam um terreno então vago, provavelmente devido às condições topográficas desfavoráveis. E ainda desta época é o Aqueduto da Água de Prata, inaugurado em 1537, depois de a sua construção ter provocado algumas alterações da malha urbana, de que é exemplo a abertura das actuais Rua do Salvador e Rua Nova.

A estrutura urbana da cidade, neste século, caracteriza-se pelo atenuar da separação entre os sectores interiores e exteriores à Cerca Velha, constituindo-se, cada vez mais, a Praça do Giraldo (onde se localizavam os edifícios dos Paços do Concelho e da Prisão) e, secundariamente, o Largo das Portas de Moura, como principais núcleos de concentração da actividade urbana; consequentemente, verifica-se um reforço como principal eixo urbano do percurso de ligação daqueles espaços, prolongado para noroeste, em direcção ao Convento de S. Domingos e para sul, em direcção ao Palácio Real.

De resto, a consolidação desta estrutura permitiu que, com ligeiras adaptações, se mantivesse nos séculos seguintes, sendo ainda marcante na actualidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALARCÃO, J. (1974) – Portugal Romano, Gris Impressora, Lisboa.

BEIRANTE, A. (1988) – Évora na Idade Média, Dissertação de Doutoramento em História,

F.C.S.H. da Universidade Nova de Lisboa, polic..

BORGES, A. (1988) – Évora. Da Reconquista ao Século XVI, Trabalho apresentado em Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica, Universidade de Évora, polic..

CÂMARA    MUNICIPAL    DE    ÉVORA (1978/1979) – Plano Director de Évora, Relatório nº 28.

CARVALHO, S. (1989) – Cidades Medievais Portuguesas – uma introdução ao seu estudo, Livros Horizonte, Lisboa.

ESPANCA, T. (1945) – “Fortificações e Alcaidarias de Évora”, Boletim A Cidade de Évora, nº 9-10, Évora, pp. 41-90.

ESPANCA, T. (1966) – Inventário Artístico de Portugal – Concelho de Évora, Academia Nacional das Belas Artes, Lisboa.

ESPANCA, T. (1987) – Évora, Arte e História, Câmara Municipal de Évora.

GROMICHO, A. (1962/1963) – “Origens da Cidade de Évora”, Boletim A Cidade de Évora, nº 45-46, Évora, pp. 29-32.

LEAL, A. P. (1874) – Portugal Antigo e Moderno, vol. III, Liv. Editora de Mattos Moreira & Companhia, Lisboa.

MONIZ, M. (1984) – A Praça do Giraldo, Gráfica Eborense, Évora.

RIBEIRO, O. (1986) – “Évora. Sítio, Origem, Evolução e Funções de uma Cidade” in Estudos em Homenagem a Mariano Feio, coordenação de SOEIRO de BRITO, R., Lisboa, pp. 371-390.

Artigo originalmente encontrado online em formato pdf em:

https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/2644/1/%C3%89vora%20Etapas%20Evolu%C3%A7%C3%A3o%20Hist%C3%B3rica%20SecXVI.pdf